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terça-feira, 15 de maio de 2007

Navegando nos tempos atuais

Em 2004 um livro chega ao Brasil: Os Tempos Hipermodernos do filósofo Gilles Lipovetsky. O autor é conhecido em sua obra pela forma como interpreta a modernidade. Segundo o autor o período correspondente a pós modernidade praticamente existiu para desestruturar o homem e a sociedade, na qual está inserido. E neste salto chegamos abruptamente aos tempos hipermodernos. O momento atual apresenta uma ambigüidade de valores. Se antes os fins justificavam os meios hoje parece que vivemos apenas os meios. Sentimentos antagônicos predominam no presente, onde de um lado temos valores tradicionais como, valorização do amor, o gosto pela sociabilidade e a indignação moral e do outro, temos um mundo descartável que reforça um aprofundamento humanista do individualismo.
Lipovetsky também ressalta que o homem hipercontemporâneo é mais autônomo. A liberdade, o conforto, a qualidade e a expectativa de vida lhe promovem essa autonomia. Em contrapartida mais frágil do que nunca, uma vez que as exigências impostas são amplas e muito pesadas.
Seguindo o pensamento do autor vivemos um processo de individualismo paradoxal: se de um lado nos libertamos de valores disciplinares de certa forma acessamos “ A Era do Vazio”, já assinalada por Foucault ( 1983). É importante ressaltar que a libertação de valores disciplinares trouxe a idéia de uma pseudo-liberdade. Acredita-se que as regras culturais, morais e sociais não mais vão exercer total controle o que promove no individuo a possibilidade de assumir responsabilidade ou não, de auto-controlar-se ou deixar-se levar. Mas de toda forma o homem vive monitorado. O autor cita a alimentação como o melhor exemplo. Com a desestruturação das obrigações sociais e em especial as religiosas que pregavam jejum, quaresma duas condutas são observadas: a primeira um auto- monitoramento de controle de peso, ginástica e informações sobre a saúde e a segunda acarretando transtornos alimentares como anorexia e bulimia. Para o autor “ nossa sociedade da magreza e da dieta é também a do sobrepeso e da obesidade”.
Um individualismo exacerbado, um narcisismo total, onde está presente a onipotência da lógica do consumo, um mundo onde tudo e todos são descartáveis. O mundo está em franco combate: tempo contra tempo. Como lutar contra a necessidade de tempo: soluções rápidas, imediatismo, pílulas mágicas contra todos os males.... Vive-se um momento onde o homem não se permite mais ter instantes de reflexão, de auto-conhecimento, de valorização do outro, de estabelecer e permanecer em vínculos duradouros. Filosofia, poesia, musica e as artes em geral pouco são valorizadas. Será que no próximo século teremos um museu que abrigue obras desse , já que quase nada é significativo ou não há tempo para atribuir um significado?
Como será então o homem do século XXII ?

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