
A tolerância do ser humano esta intrinsecamente associada à sociedade a que esta inserido. Ao criar a sociedade, as regras e normas de condutas sociais o homem delimitou graus de tolerância em seu comportamento. O filosofo grego Aristóteles, mais de três séculos antes de Cristo já afirmava que o homem é um ser social. E seus preceitos foram seguidos pela maioria dos pensadores, onde a vida societária passou a ser um axioma, parte integrante da natureza humana. Mas cada sociedade cria “verdades” onde o bem e mal é relativo e não uma verdade absoluta para todos, variando de acordo com a cultura de cada povo. Importante ressaltar que os pensadores Hobbes e Rousseau, já no período moderno, criam duas visões opostas quanto à origem da sociedade e sua conseqüência para os homens. Para Hobbes o homem é mau por natureza e quem o controla é a sociedade; sem esse controle o homem entra em processo de auto destruição. Para Rousseau, o homem nasce bom e feliz e a sociedade o transforma, tornando-o mau e perverso.
Baseada em estudos do comportamento humano, acredito que o homem ao nascer é provido de todos os sentimentos bons e maus. Fatores distintos determinarão a predominância de sentimentos bons ou maus, dependendo do significado que dará a cada situação vivida em relação a sua família, a cultura e a sociedade em que nasceu e viveu.
O mais difícil é identificar o que é bom ou mau em uma sociedade. Ninguém nasce um homem bomba, mas se torna em uma sociedade onde a cultura do povo qualifica esse ato como heróico.
Baseada na sociedade brasileira observo que a ambigüidade esta presente. Para um mesmo valor moral sempre há no mínimo duas visões; não matar é uma regra social e moral. Mas a cada dia observa-se a desvalorização sem limites da vida humana.
Outra regra: não roubar. Mas a corrupção esta presente em quase todos os segmentos sociais.
Temos no Brasil uma elasticidade quanto aos valores morais. Até onde se pode chegar, burlando normas e regras para se conseguir objetivos pessoais parecem estar presentes no pensamento coletivo do povo brasileiro. Tolera-se tudo, desde que não nos atinja pessoalmente ou a um membro da família. Defende-se o indefensável. Solidariedade é um sentimento nobre, devendo estar presente em todos os nós. Mas apenas quando uma catástrofe acontece é que ocorre uma comoção na população, mas de curta memória. A punição frente à quebra das regras e leis é fato. Mas a impunidade impera. Existe apurada legislação, porém teórica. “Na pratica a ética predominante é a de Maquiavel:” “o fim justifica os meios”.
Um momento de reflexão: Até quando iremos tolerar essa iníqua tolerância?


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